terça-feira, 2 de abril de 2013

Carta Breve



Eu queria te contar muitas coisas. Uma delas é que você morreu. Queria te dizer que você morreu jovem e bonita e queria te falar de todas as pessoas que eu conheci depois que você morreu. Vi aquele filme, queria te contar também. Ainda vejo uma foto sua e me pergunto para onde você foi e lembro que tenho que entender que você não foi, que você não, agora. Queria te dizer que ainda há muito o que viver aqui, mas você não vai vim ver. Eu queria te contar, em todas as tuas existências. Queria te contar, mas antes gostaria de te ver. Não sonho mais com sua voz. Para onde ela foi, a sua voz? Antes, gostaria de te ver. E pegar em suas mãos, e ficar em silêncio, com você, em suas mãos, e em seus antebraços cruzados com os meus. Queria te contar, como te conto em silêncio, pela pele que vê e escuta os mesmos ventos que eu. Minha irmã, agora eu me te imito. Rasgo sangue pelos lábios de minha boca, e me perco loucamente, nos grilhões dessa correnteza.