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A manhã começa a bater em meu poema.
(...)
Estou deitado em meu poema.
(...)
- Eu enlouqueço com a doçura dos meses vagarosos.
O poema dói-me, faz-me.
O povo traz coisas para a sua casa
do meu poema.
(...)
- A manhã começa a colocar o poema na parte
mais límpida da vida.
(...)
A manhã começa a dispersar o poema na luz incontida
do mundo.
(De O Poema, Herberto Helder, Ou o Poema Contínuo)
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