sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Antípodas ( - você disse "Holanda?")



























Pensa na tradição. Diz para si mesmo: eu sou alimentado pelos séculos, vivo afogado na historia de outros homens. E sua alma é atravessada pelo sopro primordial. Mas tem a alma perdida: é um inocente que maneja o fogo dos infernos. Abre-se ao fundo de sua meditação um grande lago: a solidão, e em volta passeiam vacas. (...)


Ja nao escreve poemas nem pergunta às pessoas o seu nome. Ele próprio, visto estar destinado à inteira perdição, vai perdendo o nome pelo país adiante. Agora vigia a paz devoradora dos animais, as coisas, a imobilidade. Vou partir - imagina. As cidades ardem, os campos enlouquecem. Um poeta tem de partir, repartir, repartir-se. (...)


Ele olhava o sol verde entre as patas das vacas e supunha poder envenenar-se legando o cadáver à confusão holandesa. E como se alimentaria essa confusão, como seria divertido o pequeno quadro holandês! - Senhor, que lhe aconteceu? Salva-lhe a alma se puderes. Ele era um estrangeiro: envenenou-se. Nada mais sabemos. 


Herberto Helder
(Os Passos em Volta)















Saint Rémy de Provence, na França








sexta-feira, 19 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Dehors, chez soi







"Sous une lumière blafarde
Court, danse et se tord sans raison
La Vie, impudente et criarde.
Aussi, sitôt qu'à l'horizont."

Ou,

Sobre um crepúsculo qualquer
Súbito, dança e se dobra sem a razão
A vida, surpreendente e ruidosa

Aussi sitôt qu'à l'horizont

Flores do Bem.

































(Doce l'ar).